Dark kitchens entram na mira de franquias de alimentação

As dark kitchens ganharam espaço com o crescimento do sistema de delivery por causa da pandemia. Muitas redes de alimentação passaram a usar essa estratégia para produção de pratos exclusivamente para entrega em domicílio.  Algumas redes de franquias de restaurantes, como a L’Entrecôte de Paris, da holding de franquias SMZTO, e o Divino Fogão resolveram ampliar o negócio por meio de dark kitchens.

Pratos para delivery do L’Entrecôte

No caso da rede L’Entrecôte de Paris, a empresa que, antes da pandemia, apostava no crescimento por meio de restaurantes convencionais, passou a focar na expansão baseada no modelo de delivery por meio de dark kitchens.

As cozinhas que não precisam operar junto a lojas convencionais e produzem pratos somente para entrega exigem investimento inicial entre R$ 100 mil e R$ 150 mil. Esse montante corresponde a cerca de 10% a 15% do aporte de cerca de R$ 1 milhão referente ao investimento inicial de uma unidade convencional da rede.

Custos reduzidos

Desenvolvido, testado e aprimorado a partir de uma operação própria de dark kitchen do L’Entrecôte de Paris em São Paulo, o formato de negócio tem custos operacionais reduzidos. Enquanto o aluguel de uma loja tradicional em shopping chega a custar R$ 60 mil mensais, a locação de um espaço para a cozinha do delivery fica em torno de R$ 3 mil.

Assim, ainda que o sistema de entregas tenha custos específicos que precisam ser considerados (taxa de aplicativos, embalagens, logística etc.), o retorno financeiro da operação acaba sendo atrativo para o investidor, na avaliação do L’Entrecôte de Paris.

“Entendemos que o sistema de delivery não deve ser tratado como um adicional. Ele é um modelo de negócio à parte que merece atenção. Todas as marcas que conseguiram ter essa mentalidade têm sucesso”, garante Rodrigo Diotto, gerente geral do L’Entrecôte de Paris.

Divino Fogão

A rede Divino Fogão também quer ampliar sua atuação em todo o Brasil por meio do delivery, sem ter de investir em espaços novos. A franquia de restaurantes de comida da fazenda também aposta no modelo. Vai usar o conceito de dark kitchens para atingir regiões onde não tem produção própria. No caso, a ideia é aproveitar o tempo ocioso de cozinhas de terceiros para produzir pratos do Divino Fogão.

Parceria com outras cozinhas

O projeto de dark kitchen da marca, em parceria com a Guersola Consultoria, busca atrair empresas com experiência em alimentação que tenham interesse em trabalhar com alguns itens da gastronomia da rede Divino Fogão. Nesse rol, segundo a franqueadora, incluem-se lanchonetes, hotéis, buffets e restaurantes em locais estratégicos, que já operem suas próprias marcas.

“O parceiro se tornará um licenciado Divino Fogão, o que traz a possibilidade de rentabilizar seus negócios, especialmente neste momento em que se ensaia uma retomada da economia”, afirma Reinaldo Varela, presidente do Divino Fogão e idealizador do projeto. Segundo o empresário, a expectativa é chegar a 600 cozinhas parceiras da rede de franquia de alimentação até o final do próximo ano.

Tendência de mercado

Para receber a licença do Divino Fogão, as cozinhas deverão atender ao padrão de qualidade da rede e ter disponibilidade de dedicação ao negócio. Como o modelo prevê a utilização da área existente, o investimento por parte do parceiro, segundo o Divino Fogão, será de aproximadamente R$ 8 mil com insumos e embalagens personalizadas da rede de franquia.

De acordo com Flavio Guersola, da Guersola Consultoria, as dark kitchens são uma tendência de mercado que veio para ficar. “Impulsionada pelo isolamento social e aumento de gastos com delivery”, explica.

De acordo com Guersola, para empresas consolidadas no modelo de atendimento tradicional, como o Divino Fogão, as dark kitchens são uma maneira de ampliar a atuação e reduzir custos. “Além de ajudar os parceiros com um ganho extra”, diz.