Pandemia faz faturamento do setor de franquias recuar 10,5% no ano passado

O faturamento do setor de franquias foi de R$ 167,2 bilhões no ano passado. Isso representou recuo de 10,5%, em relação aos R$ 186,8 bilhões de receitas em 2019. Com isso, o desempenho financeiro do setor retorna ao patamar de quase três anos. Esse foi o impacto direto que a pandemia causou ao segmento de franchising no Brasil, segundo estudo divulgado, na semana passada, pela Associação Brasileira de Franchising (ABF).

De acordo com a entidade, o setor projeta voltar a crescer neste ano, mas deve levar cerca de dois anos para retomar os níveis de antes da pandemia. No quarto trimestre, comparado com igual período do ano anterior, os números do estudo da ABF mostraram queda de apenas 1,8%. Segundo a entidade, isso já seria um sinal de trajetória de recuperação.

A ABF projeta um faturamento 8% maior para este ano, com 5% mais unidades, 2% a mais de novas redes e uma alta de 5% no número de empregos diretos gerados pelo setor. De acordo com a entidade, o cenário ainda é desafiador, mas fatores como o avanço da vacinação e a agenda de reformas no Congresso, entre outros acontecimentos, garantem perspectiva mais favorável para 2021.

Para o presidente da ABF, André Friedhein, 2020 foi um dos anos mais desafiadores para todos os setores da economia brasileira, e não foi diferente para o setor de franquias. “Mas poderia ter sido pior”, argumenta. Mas, segundo o dirigente, a força do trabalho em rede, alta capacidade de negociar com fornecedores e promover ganhos em escala, por exemplo, ajudam a amenizar as perdas e os impactos nos negócios.

Segmentos

Entre os 11 segmentos elencados pela ABF, Casa e Construção foi o principal destaque. Teve variação positiva de 25,6% no 4º trimestre frente a igual período de 2019, e de 12,8% em 2020, contra o ano anterior.

Para a ABF, a permanência das famílias em casa, devido ao distanciamento social, incentivou pequenos reparos e reformas nas residências. A manutenção da taxa Selic em níveis baixos, trabalhadores em home office e a construção civil como setor essencial também contribuíram para o bom desempenho desse segmento.

Saúde, Beleza e Bem-Estar também registrou desempenho positivo, de 5,4% no 4º trimestre, e de 3,1% no ano. Com variação também positiva no 4º trimestre, Serviços e Outros Negócios (1,9%) e Comunicação, Informática e Eletrônicos (0,1%) também se beneficiaram pela permanência de parte da população em casa, pelo trabalho em home office e pelo incremento dos meios de pagamento.

Hotelaria e Turismo, com queda de 39,2%,  e Entretenimento e Lazer, com recuo de 15,5%,  foram os segmentos com maior impacto negativo. Enquanto Alimentação, o maior segmento do franchising, diminuiu de forma sensível as perdas no 4º trimestre, tendo registrado queda de 5%.

50 maiores do setor

Em número de unidades franqueadas, a rede O Boticário (Saúde, Beleza e Bem-Estar), a exemplo dos últimos anos, se mantém em 1º lugar na lista, com 3.620 unidades no Brasil. O McDonald’s (Alimentação) ficou na segunda posição, repetindo a vice-liderança do ano passado, com 2.567 operações de franquia. Já a Cacau Show (Alimentação) subiu uma posição, alcançando o 3º lugar na lista, com 2.371 unidades.

Neste ano, passaram a integrar as Top 10 da ABF Óticas Carol (Saúde, Beleza e Bem-Estar), que subiu da 11ª para a 8ª posição, com 1.394 unidades; Seguralta – Bolsa de Seguros (Serviços e Outros Negócios), do 12º para o 9º lugar, com 1.325, e Burger King (Alimentação), que avançou do 14º para o 10º lugar, passando a integrar esse grupo seleto, com 1.302 franquias, com 8% mais unidades entre 2019 e 2020.

A ABF informa que a pesquisa é realizada exclusivamente com marcas associadas, a partir do banco de dados da entidade com informações registradas pelas próprias redes. Segundo a entidade, as informações são auditadas eletronicamente pelo sistema quanto à sua veracidade e autenticidade por meio de regras e salvaguardas específicas no processo de inserção dos dados no próprio sistema.

Destaques e estreantes

Entre as 20 maiores, a rede OdontoCompany (Saúde, Beleza e Bem-Estar) se destacou, com 57% de crescimento em número de unidades, 997, o que a levou a subir da 25ª para a 17ª posição, integrando esse segundo bloco de marcas. A rede foi beneficiada pelo fato de o mercado de saúde, especialmente as clínicas odontológicas, ter imensa demanda reprimida durante os primeiros meses de pandemia e assim ter crescido muito no decorrer do ano.

A Help! Loja de Crédito (Serviços e Outros Negócios), com 855 operações, alcançou a segunda maior variação neste grupo, com 22% de crescimento, passou do 24º para o 19º lugar e a figurar entre as Top 20. O mesmo aconteceu com a Chilli Beans (Moda), que subiu uma posição e com 847 franquias completa esse grupo.

Quatros marcas estrearam entre as Top 50 neste ano. A rede Mercadão dos Óculos (Saúde, Beleza e Bem-Estar) saltou do 70º para o 42º lugar, com 396 unidades. A Clube Melissa (Moda), com 332 operações, subiu da 51ª para a 48º posição. A Casa do Construtor (Casa e Construção), com 318 franquias, avançou da 62º para o 49ª lugar. Já a Sodiê Doces (Alimentação), com 315 unidades, alçou duas colocações e encerra o seleto grupo das 50 Maiores Redes de Franquias do Brasil em unidades. A data de referência para compor a lista foi 29 de janeiro de 2021.

Marcas que mais cresceram

Na lista como um todo, algumas redes se evidenciaram por seu percentual de expansão. A Acquazero (Serviços Automotivos) registrou crescimento de 152% em número de unidades (388) comparado a 2019, o maior entre as Top 50. A marca saltou do 111º para o 43º lugar, razão de sua entrada na lista das maiores por unidades entre as franquias brasileiras. A rede investiu fortemente em marketing, aplicativos e tecnologia, e teve intensa atuação residencial, através da higienização de sofás, que cresceu muito na pandemia.

A Remax (Casa e Construção) teve a segunda maior variação, com um crescimento de 80% em suas operações (444) no período pesquisado. Segundo a franqueadora, no dia 1º de janeiro de 2020 a rede contava com 323 lojas, e muitas estavam programadas para abrir até o final do ano, o que levou a esse total em janeiro de 2021.

A pandemia também não impactou o crescimento do Mercadão dos Óculos (396). Por integrar as atividades de serviços essenciais, avançou 67% no período.

A Nutrimais (Alimentação) projetou-se com a terceira maior variação no número de unidades (524), registrando um crescimento de 49%. A marca foi beneficiada pelo bom desempenho do mercado de agronegócio, mesmo durante a pandemia.

Atenção! A lista deste ano é composta por 52 marcas em virtude do empate em duas posições (41º e 44º lugares) – Fonte: ABF