Pandemia derruba faturamento do setor de franquias

A crise provocada pela pandemia do coronavírus afetou duramente o setor de franquias, assim como vários outros segmentos econômicos no País. Segundo Pesquisa de Desempenho Setorial da Associação Brasileira de Franchising (ABF), o faturamento do setor despencou em março, com as medidas de isolamento social, entre elas o fechamento de shoppings centers naquela época, que só agora estão retomando as operações.

Cerca de 30% das redes consultadas pela ABF reportaram quedas na receita superiores a 50%, na segunda quinzena de março, em comparação com a primeira quinzena daquele mês. Quase 70% das redes sondadas afirmaram ter tido recuo no faturamento no período. Cerca de 8% disseram que as vendas ficaram estáveis nesse período, e quase 5% afirmaram ter tido alta nas receitas, mesmo com a crise provocada pela pandemia.

Segundo a ABF, o setor agiu rápido, adotou ou ampliou iniciativas de e-commerce, delivery, serviços digitais e promoções. A pesquisa da entidade constatou que 47,7% das redes mantiveram ou ampliaram seus planos de expansão, independentemente da crise provocada pela pandemia.

Pandemia derruba receita de franquias

Trimestre

O faturamento total do setor de franquias ficou praticamente estável no trimestre, de acordo com a pesquisa de Desempenho Setorial da ABF. De janeiro a março deste ano, as receitas subiram apenas 0,2%, em relação ao mesmo período de 2019, contra os 7% de crescimento de 2019 sobre 2018. No primeiro trimestre, o faturamento das franquias foi de R$ 41,537 bilhões.

Segundo a ABF, os segmentos com melhor desempenho no trimestre foram o de Serviços Automotivos (crescimento no faturamento de 7,4%), Comunicação, Informática e Eletrônicos (6,9%), Limpeza e Conservação (5,6%), Casa e Construção (3,6%) e Serviços Educacionais (3,5%).

Outros ramos que merecem destaque na pesquisa da ABF são os de franquias de supermercados e farmácias. Esses segmentos experimentaram um pico de demanda no final de março. Porém, segundo a entidade, os resultados só devem se refletir mais fortemente no segundo trimestre. O maior segmento do franchising brasileiro, o de Alimentação, para a ABF, sentiu mais os impactos da Covid-19 e já registrou queda de 1,6% no faturamento no primeiro trimestre.

 Queda rápida

“Nossa pesquisa mostra que o setor estava com um bom desempenho em janeiro e fevereiro, mas, em março, o declínio devido à pandemia ocorreu de forma muita rápida”, afirma o presidente da ABF, André Friedheim. Segundo ele, a queda só não foi maior, porque as medidas de isolamento social foram tomadas no final do trimestre. Ele lembra também que, à época,  muitos Estados ainda não haviam aderido firmemente à quarentena.

Outro reflexo da crise provocada pela pandemia foi a diminuição no ritmo de expansão de unidades e da geração de postos de trabalho. O setor encerrou o trimestre com 161.141 unidades em operação, 1% a mais do que no trimestre anterior (na mesma comparação no 1º trimestre de 2019 esse saldo foi de 2,5%).   O volume total de empregos diretos foi de 1.361.795, 0,3% a mais do que o trimestre anterior.

Para Friedheim, os dados refletem uma diminuição do ritmo de expansão, maior aversão a risco e o fechamento de algumas unidades em decorrência da pandemia. “Notamos também que algumas empresas deixaram o sistema ou suspenderam planos de expansão por meio do franchising, o que acabou se refletindo nestes números”, acrescenta o presidente da ABF.

Reação rápida

O estudo da ABF identificou também que o setor reagiu rápido aos reflexos da pandemia. Dentre as principais ações já adotadas (índice superior a 70%) estão serviços online, orientações e treinamentos sobre Covid-19, delivery, e-commerce e promoções. Um pouco abaixo, mas com grande penetração, estão a formação de comitês de crise, criação de novos produtos ou serviços, antecipação de férias na franqueadora, desenvolvimento de novas tecnologias/inovação e ações solidárias (índice superior a 55%).

A Pesquisa de Desempenho do Franchising referente ao primeiro trimestre de 2020 envolveu uma base de 323 redes franqueadoras. Segundo a ABF, representam cerca de 53 mil unidades, ou o equivalente a 33% das unidades totais e a 34% do faturamento.