Tecnologia no varejo é estratégica para a competitividade

*Paulo Sérgio Palmério

Paulo Sérgio Palmério

A tecnologia da informação transformou a maneira como vivemos. Mudou também o jeito como fazemos negócios, a rotina de trabalho de muitos profissionais e influenciou até mesmo o comportamento dos consumidores. Ao longo de quase 30 anos à frente da Presence, uma empresa de desenvolvimento de sistemas para o mercado de varejo, pude não só testemunhar essa revolução, como também participar ativamente desse movimento.

Desde o início de nossa trajetória, percebemos o quanto soluções inovadoras podem contribuir para o crescimento das empresas. Mas essa percepção só veio ganhar força entre os agentes varejistas agora, recentemente. Investir em tecnologia, antes, era encarado como um custo. O varejista não conseguia enxergar benefícios diretos, muito menos os intangíveis. O negócio sempre foi encostar o umbigo no balcão e caprichar no atendimento. O resto era só resto. Mas isso mudou, e a tecnologia agora passou para o primeiro plano da estratégia de qualquer lojista que queira sobreviver e seguir competitivo no mercado.

A consultoria Planet Retail RNG divulgou há pouco um dado alarmante: importantes redes do varejo mundial perderam quase US$ 99,5 bilhões, no Brasil esse valor chegou a US$ 2,34 bilhões. E sabe qual é uma das principais causas desse cenário? A má gestão de estoques, um dos principais (se não o principal) componente do varejo. É preciso ter a mercadoria disponível no momento certo. A falta do produto gera perda de venda, que geralmente nem é contabilizada, é uma perda oculta. Por outro lado, se há um grande volume de itens errados ou desnecessários armazenados, a empresa também perde com capital de giro, colocando dinheiro em algo que não dá retorno.

É aí que entra a tecnologia, convertendo informação em vantagem competitiva. Com o apoio de soluções inteligentes é possível ter acesso à informação de qualidade em tempo real, ação fundamental para evitar perdas nos estoques e erros operacionais. Um ótimo exemplo disso é o sistema de identificação por radiofrequência (RFID), capaz não só de oferecer qualidade de dados, mas apontar possíveis perdas, possibilitar campanhas de reposição de produtos e redução de estoque de ponta. Isso é informação de qualidade! Essencial para todos os varejistas.

Agilidade

Outro ponto importante para o dia a dia do varejista é agilidade para acompanhar o que está acontecendo dentro da empresa a todo instante. Agilidade que está ao alcance das mãos! Com versões mobile de aplicativos de gestão, temos acesso muito mais rápido a dados importantes para o negócio, o que amplia consideravelmente o poder de gerenciamento. Para chegar lá, é preciso investir em novas ferramentas e soluções. Não tem milagre.

O que minha experiência mostrou em quase três décadas é que investir em TI resulta em receita, e manter-se atualizado é imperativo para quem quer se destacar no mercado, seja reduzindo custos, fazendo previsões adequadas de vendas ou simplesmente sendo mais ágil na hora de remanejar equipes ou produtos entre lojas. Hoje é facilmente comprovado que cada centavo aplicado é revertido em vendas na razão de 3 a 4. Assim, por mais recessivo que esteja o mercado, devemos cada vez mais investir em tecnologia, em sistemas que aumentem os lucros no médio e longo prazo.

Usar a TI em uma empresa é como mudar o rumo de um time em um campeonato de futebol. Depois de uma partida, é comum olhar o resultado da equipe, analisar números, estudar estatísticas para, então, na semana seguinte, montar um esquema diferente ao concluir que o time estava jogando muito pela direita. Pode parecer uma excelente estratégia, mas a verdade é que a mudança deveria acontecer durante o jogo, não depois de a partida acabar. E é isso que precisamos fazer no varejo, corrigir a rota enquanto o jogo acontece, ao invés de observar apenas os números do passado. As decisões têm que ser feitas no dia, na hora, e a grande vantagem é evitar prejuízos, reduzir custos e garantir maior controle na gestão empresarial. O resultado é a multiplicação daquela pequena parcela de gastos em TI. É assim que a tecnologia passa de custo a receita, um verdadeiro golaço para o mercado varejista.

(*) Paulo Sérgio Palmério é CEO da Presence.

Mais informações: www.presence.com.br