Relação entre franqueador e franqueado nem sempre é harmoniosa
*Tiago Hungria
O franchising está em alta no Brasil. Segundo o levantamento mais recente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), o setor cresceu 6,8% no primeiro semestre de 2018, atingindo faturamento superior a R$ 79 bilhões. Diante disto, é natural que cada vez mais empresas e empreendedores estejam de olho neste modelo de negócio, o qual une o conhecimento do franqueador ao investimento e capacidade operacional do franqueado para atingir o sucesso.
Todavia, essa não é uma relação simples e, muitas vezes, passa longe de ser harmoniosa. Nas redes de franquias, especialmente aquelas com número elevado de unidades, é natural que haja divergência de opiniões em vista da quantidade de “donos” do negócio. Gerir tais divergências e promover uma relação e comunicação interna adequada é, sem sombra de dúvidas, um dos maiores desafios de todo franqueador.
Parece óbvio, mas é preciso dizer que o embate constante entre essas duas forças – franqueador e franqueado – é extremamente prejudicial a ambos. Afinal, o franqueado necessita do suporte e diretrizes da marca, além de estar sujeito aos acordos do contrato de franquia. Por outro lado, o franqueador necessita um franqueado satisfeito e eficiente na gestão dos negócios para que possa crescer e aumentar seus lucros de maneira sustentável.
Relação de simbiose
Ambos devem unir forças em uma simbiose que seja benéfica para todas as partes, a despeito das divergências que possam existir. No médio prazo, é impossível que a relação seja favorável a apenas um deles. Assim, é importante que cada indivíduo entenda suas obrigações e responsabilidades. Somente com a clareza dos papéis é possível vivenciar um casamento duradouro (e lucrativo).
Por parte do franqueador, cabe investir constantemente em suporte e melhorias nos serviços e produtos oferecidos, além de saber ouvir os franqueados – mesmo que não acate todas as sugestões. Ter um canal de comunicação direto e transparente é fundamental para o bom funcionamento da rede. Do outro lado, o franqueado deve entender que neste modelo de negócio existem regras e padrões a serem seguidos, sendo muito menor o espaço para a inovação. Ele também deve estar apto a realizar a gestão correta de sua operação, conhecendo a fundo todos os detalhes e indicadores.
A partir do momento que franqueador e franqueado tiverem a clareza que estão jogando no mesmo time, e somente assim, os negócios irão prosperar. Caso contrário, todos os esforços são direcionados a “combater incêndios” que sequer deveriam existir.
(*) Tiago Hungria é empresário e fundador da WeAudit
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