Melhor época do ano para inaugurar uma franquia é hoje
Alan Roque*
Qual é a melhor época do ano para inaugurar uma franquia? Essa é uma pergunta que ouço com certa frequência em contato com futuros franqueados ou mesmo do empreendedor que já navega no sistema de franquias e pretende experimentar outro segmento. O que costumo sugerir aos colegas é: hoje! Sim, a melhor época para inaugurar sua unidade é sempre “hoje”! Naturalmente, existem alguns pontos de reflexão a respeito que trataremos neste artigo.
Penso que, em primeira análise, o segmento que você pretende atuar é um dos aspectos a ser considerados, pois existem atividades que possuem linearidade de demanda e outros que possuem sazonalidade bastante acentuada. Por exemplo, quando nos dirigimos ao segmento de vestuário, existe demanda do consumidor durante o ano todo, de acordo com a estação e coleção ofertada.
Se partimos para o segmento de serviços de educação e cursos profissionalizantes, a tendência de maior movimento está em épocas como início e meio de ano. No entanto, existe uma curva de aprendizagem do negócio e a rotatividade dos alunos, de forma que a captação é constante.
Então, seria correto aguardar para realizar a abertura somente em janeiro, se tenho a possibilidade de fazer isso antes? Para que esperar, se posso tornar a unidade escolar familiar à comunidade de clientes que estou presente?
Vamos, agora, pensar em um segmento bem específico, bem particular: uma franquia no varejo de chocolates. Aí, você pensa: claro que inaugurarei minha loja às vésperas da Páscoa, é praticamente óbvio! Pois bem, já parou para pensar que é um produto que tem vendas o ano inteiro?
Sim, Natal e Páscoa, trazem maior volume de vendas. Mas será que faz sentido deixar de abrir a operação e entre a inauguração e o período de pico de vendas, não explorar tudo que o mercado pode oferecer? Pois bem, amigos, percebemos, pela ótica de demanda, que a inauguração da unidade não deve ser postergada.
Outra forma de pensarmos sobre o tema é em relação a capital de giro, fluxo de caixa e disponibilidade de capital para implantação e início de operações. Nesse caso, recomendo que a decisão esteja pautada por “pés no chão” e, sobretudo, análises claras que não sejam conduzidas pela empolgação – que é natural de quem está em momento de empreender.
Se você ainda não possui o capital integral, que contemple a implantação, início de operações, e giro até realização do ponto de equilíbrio, existem no mercado linhas de crédito que possibilitam a viabilidade do empreendimento.
Essa decisão é muito particular e, caso você não esteja diante de uma oportunidade imperdível, é sempre interessante compreender pelo menos duas coisas. A primeira: o quanto você pode esperar e acumular o montante necessário para abertura saudável de sua operação. Ou, o montante que será necessário disponibilizar de capital de terceiros, em relação ao montante que possui e o quanto isso será um trampolim que impulsiona ou que derruba.
Situação pessoal
Vejamos, agora, um dos fatores que talvez seja o mais importante nesta situação de compreender melhor o momento de empreender: sua situação pessoal, seu momento de vida. Afinal, isso pode ser decisivo no sucesso de sua unidade franqueada.
Para ilustrar o que quero chamar momento de vida, refiro-me a situações como recentemente ter-se casado ou se separado. Ter-se mudado de cidade; ter um ente muito próximo que esteja em tratamento de saúde com situação de risco; ter havido alguma perda recente na família; ter sido demitido (a decisão de empreender não poder ser uma revolta pela demissão).
São situações que não condenam a decisão de empreender, mas vão ao encontro da importância do autoconhecimento do empreendedor. Pois determinadas situações podem ser o gatilho para algumas pessoas e agir como âncoras para outras.
Há, ainda, a decisão baseada na oportunidade. Pensemos que você está com o capital planejado e disponível, decidiu o segmento e a franqueadora que será sua parceira. Sua situação familiar está propícia para seus projetos, mas você tenha planejado uma viagem para, na volta, engatar o negócio.
Eis que surge o ponto comercial que você estava buscando havia tempos, reunindo condições arquitetônicas, comerciais e de localização ideais! É um momento de escolhas de prioridade. Afinal, você pode demorar meses para conseguir outra oportunidade como esta!
De maneira geral, o objetivo desta “conversa” escrita é provocar alguma inquietação em fatores que envolvem a decisão pelo momento de empreender e abrir um negócio. Espero ter proporcionado algumas reflexões que, eventualmente, você ainda não tivesse idealizado. Parafraseando o poeta, “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Então, de forma pensada e por vezes impulsionada pela oportunidade, se chegou o momento, estruture seu plano de negócios, mire em seu objetivo e faça acontecer!
(*) Arlan Roque é especialista em franchising e gestor de expansão e novos negócios em franqueadora líder de seu segmento com mais de 2.200 operações no Brasil. Membro voluntário do GEF (Grupo de Excelência em Franquias do CRA-SP)